CO100 — Ostra feliz não faz pérola

A dor não existe para fazê-lo infeliz: ela está aí para torná-lo mais consciente! E quando você se torna consciente, a infelicidade desaparece — Osho

Cafe com Osho
7 min readJul 27, 2021
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Centésimo Programa

E chegamos ao centésimo episódio!

De algumas mensagens do Tarot Zen, de Osho que gravei pelo celular e enviava via WhatsApp, virou um podcast. Como queria continuar com os áudios e como um bom ouvinte de longa data de podcasts a escolha pelo formato foi natural. Pensei num alcance maior e principalmente que as mensagens chegariam onde fosse necessário

Nesse exato momento não sei em qual mente ou coração que está mensagem está chegando. Tenha a certeza que faço cada episódio para que você fique sempre bem após cada áudio.

Desejo que sua alma seja tocada da mesma forma que a minha é tocada em cada tema. Que promova movimento, que tire você do seu status quo, da normose.

Quero aproveitar momento para compartilhar, além da reflexão, um pouco do processo de criação e ao mesmo tempo que irei trazer 3 grandes pensadores que admiro e que vocês já viram eu falar algumas vezes por aqui.

O processo criativo, para mim, parece um grande quebra cabeça que vou juntando as peças conforme resolvo ampliar meu campo de visão e me volto para uma atenção intencional e gentil.

E não foi diferente quando da leitura do livro a Arte de se Comunicar do monge Thich Nhat Hanh (ou apenas Thay). Dentre os temas que ele aborda no livro, me chamou a atenção quando ele fala que para compreendermos o sofrimento do outro precisamos compreender o nosso sofrimento, pois assim estaremos trabalhando a compaixão, o amor e a felicidade.

Mas aí você pode até se perguntar: — Mas eu não estou sofrendo para compreender?

E foi no livro que mencionei Thay nos fala:

Se soubermos como cuidar do sofrimento, saberemos como cuidar da felicidade. Precisamos do sofrimento para que a felicidade cresça. Entender nosso sofrimento ajuda-nos a entender os outros.

Quando finalizei o capitulo, parei, e segui numa pausa mais longa de alguns dias. Normalmente, sempre faço isso com alguns livros quando um assunto me provoca. Por isso acabo demorando mais na leitura e sempre preciso de um outro livro para seguir na jornada.

Digamos que é aquele momento antropofágico da literatura. Sim. É isso mesmo antropofágico. Quando devoramos o conhecimento, quando nos alimentamos do autor e sua essência.

Nossas refeições são assim, somos tomados pelo sabores e todas as sortes de sensações. Claro, isso quando não engolimos a refeição de qualquer forma. Mas isso é assunto para outro dia, para falarmos sobre fazer uma refeição com atenção plena.

E foi nessa pausa no decorrer da semana que a frase de um livro lido lá por volta de 2003 explodiu em minha mente novamente. Na realidade não é só uma frase é o titulo do livro de Rubem Alves — Ostra Feliz não faz pérola!

Bem, pra explicar sobre o tema eu vou trazer o próprio Rubem Alves para participar desse episódio.

No texto título do livro Rubem Alves ele escreve:

Ostra feliz não faz pérola

Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que representam as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas — são animais mansos, seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse, a sua sabedoria as ensinou a fazer cascas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saia uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário.

Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão”… Não era depressão, era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolve-lo com uma substancia lisa, brilhante e redonda.

Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o trabalho — por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia, passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro de uma ostra.

Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa. Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre o nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição dos cristãos, levavam a tragédia a sério.

Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo. A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza.

A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta, mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer.

Esses são os artistas. Beethoven — como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa…Rubem Alves

Eu arriscaria dizer que Thich Nhat Hanh, ouvindo essa parábola de Rubem Alves complementaria a reflexão:

A plena atenção nos permite escutar a dor, a tristeza e o medo interno. Quando percebemos que algum sofrimento ou dor está vindo à tona, não tentamos fugir. Na verdade, temos que voltar e cuidar desse sofrimento ou dor.

A compreensão das nossas dores e sofrimento só são transformados apartir de um estado de percepção, quando nos voltamos de forma atenciosa e gentil para a situação que nos provocou

O que Osho diria?

Osho em seu livro Consciência: a chave para viver em equilíbrio” observa:

O sofrimento é um estado de inconsciência.

Sofremos porque não estamos conscientes do que fazemos, do que pensamos, do que sentimos — por isso, estamos nos contradizendo o tempo todo. As atitudes vão numa direção, os pensamentos em outra, os sentimentos sabe-se lá para onde.

Continuamos a nos estilhaçar, a ficar cada vez mais fragmentados. Isso é que é sofrimento — perdemos a integração, a unidade. Ficamos totalmente sem centro, somos mera periferia. E é claro que uma vida sem harmonia torna-se miserável, trágica, um fardo que temos de carregar de algum jeito, um martírio.

As ostras compreendem bem essa realidade e conscientes da sua situação tratam de produzir a pérola a partir de um cisco.

O menino que descobriu o vento

E foi oque fez o Menino que descobriu o vento. Diante de um cisco que incomodava a ele e aos membros da sua família.

Um garoto do Malawi, chamado William Kamkwamba, nasceu em uma família pobre e dependia principalmente da agricultura para sobreviver. Aos 14 anos, em meio à pobreza e fome que seu país passava, construiu um moinho para gerar eletricidade para a casa de sua família e depois ele construiu uma bomba de água movida a energia eólica que forneceu a primeira água potável em sua aldeia .

Sua história ganhou o mundo, virou palestrante no TEDx, onde compartilhou a emocionante história da invenção que transformou sua vida. Em 2019 sua história virou filme e está disponível na Netflix, vou deixar os links aqui na descrição do episódio.

Não preciso nem falar que William transformou aquele cisco que incomodava tanto em uma linda e belíssima pérola.

Eu desejo que você possa compreender cada situação que te incomoda, traz dor, sofrimento ou infelicidade e produza uma ou várias pérolas lindas.

Sou grato a todos que acompanham e me apoiam nessa jornada e que venham mais 100 episódios.

Agradeço ao sagrado que me acompanha e me estimula a seguir adiante .

Não poderia deixar de registrar minha gratidão aos que já passaram por aqui para dar sua contribuição:

Osho
Rubem Alves
Thich Nhat Hanh
Fernando Pessoa
Nietzsche

Namastê

Alguns links!

Não deixei de ouvir o episódio 46 — Sofrimento

TEDx -História de William KamkwambaHow I harnessed the Wind (com transcrição em português)

Eu maior — Os trechos dos áudios fazem parte da entrevista com Rubem Alves. Documentário EU MAIOR, sobre autoconhecimento e busca da felicidade. http://www.eumaior.com.br.

O Podcast Café com Osho é apresentado e produzido por Alexandre Abreu

Uma inciativa para que todos possam ouvir e refletir as mensagens das cartas do Tarot Zen do Osho, bem como outros textos do Osho que nos auxiliam na busca do autoconhecimento.

Te convido a acompanhar os episódios e desejo que cada áudio possa trazer, reflexão, auto conhecimento e sabedoria, promovendo transformação sempre!

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Créditos

Musicas

Cloudscape by Vlad Gluschenko
Chasing Daylight by Scott Buckley
Beauty by MaxKoMusic
Enchanted by Keys of Moon

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https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

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